Durante as manifestações do movimento “Elenão”, no sábado (29), no Rio de Janeiro um grupo de mulheres com véu na cabeça carregavam um cartaz que dizia “Muçulmanas contra o fascismo”. Esse era o nome de seu coletivo.

A professora Nahid Shair, que estava junto no protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), explica que elas temem o fim da liberdade religiosa no país, caso ele vença. “A gente vê como uma ameaça de não poder exercer a nossa religião”, explica.

Mesmo que o presidenciável não tenha se anunciado nenhuma medida nesse sentido, ela insiste: “Eu uso véu e não quero deixar de usar. Não quero deixar a minha religião porque a maioria do Brasil é cristã. A Constituição me deu esse direito”.

O coletivo de Sahir é um dos grupos islâmicos que assinaram uma “nota de repúdio” a Bolsonaro, divulgado pela revista Época nesta quinta-feira (4). Também fazem parte da iniciativa os grupos “Muçulmanos Contra Bolsonaro”, “Coletivo Muçulmanas e Muçulmanos Contra o Golpe” e a “Mesquita Sumayyah Bint Khayyat” de São Paulo.

Um trecho do documento diz: “uma nova onda de intolerância religiosa ganha ímpeto com o fanatismo de parte dos evangélicos neopentecostais, tendo como principais alvos as religiões de matriz africana”.

O texto afirma ainda: “Manifestamos o nosso mais profundo repúdio a todas as formas de intolerância que possam comprometer o convívio salutar dos cidadãos com todas as suas diferenças, sejam religiosas, de gênero, de cor ou de ideologia política”.

Não há nenhuma menção às conhecidas restrições religiosas contra minorias nos países de maioria muçulmana.

Chama a atenção que grupos judeus se juntaram aos coletivos islâmicos. Assinam a nota, por exemplo, o “Fórum de Judeus Sionistas-Socialistas Pró-Palestina” e o “Meretz Brasil”, que tem ligação com o partido socialista israelense de mesmo nome. Com informações de Valor