As investigações da Operação Máximus, conduzida pela Polícia Federal, têm revelado um intrincado esquema de subornos e chantagens em torno do caso do assassinato do empresário Elvisley Costa de Lima, morto a tiros em janeiro de 2020, em Palmas. De acordo com o depoimento de Bruno Teixeira da Cunha, acusado de ser o mandante do crime, ele teria sido alvo de tentativas de extorsão realizadas por agentes públicos, além de receber pedidos de suborno da viúva de Elvisley, VanuziaCosta de Lima, que teria pedido dinheiro para “falar a verdade”.
Extorsão e tentativas de suborno por agentes públicos
O delegado Guido Santos, chefe do inquérito, e o ex-chefe de inteligência da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Jeferson Oliveira, foram mencionados nas investigações por, supostamente, exigir propinas de Bruno em troca de benefícios durante o processo. Segundo o depoimento de Bruno à Polícia Federal, Jeferson teria solicitado valores para evitar que novos elementos surgissem no caso, o que poderia agravar a situação do empresário.
“Foi Jeferson que me pediu propina primeiro, falando que tinha como ajeitar meu caso. Ele sempre falava que ia puxar a coisa pro lado dele se eu não ajudasse”, relatou Bruno.
A abordagem de Jeferson teria sido parte de um comportamento recorrente, já que o ex-chefe de inteligência é apontado nas investigações como participante ativo em esquemas de corrupção.
Bruno relata ainda que, durante o período em que as negociações se intensificaram, Jeferson passou a pressioná-lo continuamente para que concordasse com o pagamento de propinas, insinuando que, caso contrário, ele enfrentaria dificuldades no processo judicial. Esse tipo de atuação, de acordo com as autoridades, tem sido um dos principais focos da Operação Máximus, que visa desmantelar redes de corrupção envolvendo agentes públicos no Tocantins.
Chantagem e pedido de dinheiro pela viúva de Elvisley
Outro ponto revelado pela investigação envolve Vanuzia Costa de Lima, viúva de Elvisley. De acordo com o depoimento de Bruno, ela teria solicitado dinheiro para fazer “um depoimento verdadeiro” que, supostamente, beneficiaria a defesa dele. A abordagem teria sido intermediada pelo advogado Eduardo Duarte, que atuava em favor de Bruno, servindo como elo entre a defesa do empresário e a família da vítima. Segundo relatos de Bruno, Vanuziapediu uma quantia em dinheiro para alterar seu depoimento de forma favorável a ele.
Bruno relatou que Eduardo Duarte, ao transmitir o pedido de Vanuzia, esclareceu que a viúva estava disposta a cooperar com o empresário em troca de um valor considerável.
“Ela queria dinheiro para contar a verdade. Foi o Eduardo que me contou o que ela pediu, dizendo que o depoimento mudaria tudo se eu pagasse o que ela pedia”, afirmou Bruno.
Em uma das ocasiões, Vanuzia teria até mesmo exigido que Bruno arcasse com as despesas da faculdade de medicina da filha. O pedido de apoio financeiro e o suborno foram percebidos pela defesa de Bruno como parte de uma tentativa de coação moral, usada para manipular os depoimentos no caso de homicídio e influenciar a condução do processo.
Esquema de suborno e injustiças apontadas
Além dos pedidos de suborno e chantagem, Bruno aponta em seu depoimento à Polícia Federal que a viúva teria feito ameaças indiretas por meio de seus representantes, afirmando que ele sofreria represálias se não atendesse aos pedidos. De acordo com o empresário, Vanuzia atuou de forma estratégica para aumentar o valor da oferta em troca do depoimento, usando a intervenção de Eduardo Duarte para sinalizar os benefícios que sua colaboração poderia trazer ao caso.
O empresário relatou ainda que, ao ser abordado por Vanuzia, ela teria afirmado que a mudança no depoimento poderia isentá-lo de culpa, bastando que ele concordasse com as exigências financeiras feitas por ela e seus representantes. As ações da viúva foram relatadas como um ponto crucial na linha de investigação da Operação Máximus, que agora investiga a amplitude da manipulação de depoimentos por meio de subornos e a tentativa de exploração financeira.